segunda-feira, 23 de maio de 2011

SOBRE MILAGRES

Com tantas opções para se chegar a deus, não é de espantar a proliferação de milagres que vem atingindo o imaginário popular bem como nosso universo político. Com relação ao primeiro grupo me auto-exonero da obrigação de comentar, agnóstico que sou. Já quanto ao segundo, estando devidamente qualificado na minha condição de eleitor, me permito argumentar um tanto, pois não? Recentemente a imprensa nacional veiculou o milagre ocorrido na multiplicação dos bens de Antonio Palocci, ex-deputado e atual Ministro chefe da casa civil da presidência da República, cujo patrimônio teria aumentado em 20 vezes entre os anos de 2006 e 2010 (de R$ 375.000,00 para cerca de R$ 7.500.000,00), período em que adquiriu dois imóveis pela sua empresa, Projeto (um apartamento no valor de R$ 6.600.000,00 e um escritório por R$ 882.000,00, na capital paulista. Naquele lapso de tempo, enquanto deputado Palocci, ele também prestava consultoria a empresas. Nem todos concordam que tenha havido um milagre nesta multiplicação patrimonial pelo simples fato de ser fruto de um trabalho mundano e usualmente praticado por outras celebridades políticas. De fato, o é! Diga-se que sendo milagre ou não, o crescimento patrimonial exarcebado em curto espaço de tempo, tendo como pressuposto a prestação de consultorias por políticos enseja a nuance de no mínimo existir certo conflito de interesses. Recentemente divulgou-se pela imprensa ser de R$200.000,00 o preço por palestra dada pelo ex-presidente Lula. Mas voltando a questão dos milagres, estes não se restringem a evolução meteórica de patrimônios de políticos. Observa-se também na questão do conhecimento, assim que assessores que sequer sabem escrever este vocábulo passaram a “acessorar” políticos, estes ávidos em contribuir para o fim do desemprego nacional. Também verificamos o milagre da transformação de meras reformas em obras onde se inaugurara o já inaugurado há tempos como se novidade fosse. Em nosso dias, apesar do marketing, graças a uma imprensa livre conta-se o milagre  e se diz o nome do santo. Já acreditar nestes, nem é uma questão de fé...

Gustavo Durlacher        

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